Audiência sobre a federalização da UEMG lotou plenário da Câmara de Divinópolis

por Liziane Ricardo- Assitente de Comunicação — publicado 16/06/2025 22h25, última modificação 16/06/2025 22h23
Vereadores enviarão Nota de Repúdio para ALMG pedindo o arquivamento dos projetos de federalização da UEMG

 

Estudantes, professores, assistentes sociais, psicólogos, sociólogos e lideranças de diversos seguimentos ligados a Universidade do Estado de Minas Gerais participaram, na noite de segunda-feira (16) de uma das maiores Audiências Públicas realizada na Câmara Municipal de Divinópolis em 2025. O movimento tomou grandes proporções, após o Governo do Estado enviar uma proposta para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que autoriza a transferência da gestão e de seu patrimônio – bens móveis e imóveis – para a União, o que viabiliza a venda de cerca de 19 instituições de ensino do Estado, incluindo a UEMG Campus Divinópolis. 

Nove vereadores marcaram presença na Audiência Pública, sendo eles: Kell Silva (PV), Washignton Moreira (Solidariedade), Vitor Costa (PT), Israel da Farmácia (Progressistas), Flávio Marra (PRD), Josafá Anderson (Cidadania), Hilton de Aguiar (AGIR), Matheus Dias (Avante), Wesley Jarbas (Republicanos). Entre as autoridades que compuseram a mesa da Audiência Pública estão a Deputada Estadual Lohanna França (PV), a Deputada Estadual Beatriz Cerqueira (PT), a Reitora da UEMG – Lavínia Rosa Rodrigues; o Diretor do Campus Divinópolis – André Amorim Martins; a Diretora da UEMG – Camila Fernanda Costa e Cunha; o Professor e Diretor da Associação dos Docentes (ADUEMG) – Túlio César Dias Lopes; a presidente do Diretório Acadêmico da UEMG – Larrisa Félix, representado os servidores do Campus Divinópolis – Elvis Aparecido Gomes, e as professoras e Doutoras Paula Caetano Zama e a Doutora Fernanda Vieira de Santana.

Após a abertura da palavra para os estudantes e professores inscritos manifestarem suas opiniões a respeito da possibilidade de federalização da UEMG Campus Divinópolis, a Presidente da Comissão de Participação Popular, vereadora Kell Silva, convidou o corpo técnico que representa a universidade para ponderar a respeito do tema da audiência pública. A primeira a se manifestar foi a reitora da UEMG Lavínia Rosa Rodrigues, que compartilhou um pouco da história da universidade. “A universidade é um patrimônio que vem sendo construído, essa unidade de Divinópolis já existe há mais de 60 anos, com uma produção de pesquisas, produções acadêmicas muito ricas, e que contribui de forma indelével para o desenvolvimento da cidade. O mais importante de se dizer aqui hoje é, que queremos melhorar as condições da nossa universidade, mas principalmente que o diploma de uma universidade estadual é tão importante quanto qualquer outro diploma de uma universidade federal. Tenho certeza que com esse movimento de resistência, iremos vencer esse embate da venda da nossa universidade” disse a reitora da UEMG.

A deputada estadual Lohanna França (PV), também embasou sua fala relembrando algumas das fases em que a UEMG Campus Divinópolis passou nos últimos anos. “ A UEMG tem uma história de muita luta antes da estadualização, dos professores, dos estudantes, e agora estamos novamente resistindo ao movimento de sucateamento dos nossos instrumentos de educação. […] E pra finalizar a minha fala eu tenho um pedido a fazer para os vereadores da Câmara de Divinópolis, que apoiem uma Moção de Repúdio enviada a Assembleia Legislativa de Minas Gerais em defesa da Universidade do Estado de Minas Gerais, esse é o meu pedido como encaminhamento dessa reunião, considerando que será um encaminhamento da décima maior cidade de Minas, e isso pesa pra quem tem voto na Assembleia”, solicitou a deputada.

Na sequência, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), falou sobre o sentimento de alegria ao ver o tamanho da mobilização realizada nesta noite na Casa Legislativa, com tantas pessoas se manifestando sobre o tema. “Não nos iludamos, o objetivo desse projeto não é federalizar, mas sim fechar a faculdade, vender os imóveis e comercializar a educação, uma vez que os alunos buscarão outros meios de estudos, nas unidades privadas ou federais. Isso é um mecanismo para acabar com essa grande universidade em expansão. Gostaria de dar algumas sugestões aqui, e uma delas é pedir a retirada e arquivamento destes dois projetos para que não haja riscos de algum colega votar sendo induzido ao erro que é essa falsa federalização. É importante que a cidade por meio dos Vereadores peça o arquivamento destes dois projetos e nós contamos com isso”, disse Beatriz Cerqueira.

André Amorim Martins que ocupa o cargo de Diretor do Campus Divinópolis da UMEG, também deu ênfase ao fato da unidade de Divinópolis ser mais antiga do que a própria universidade do Estado. “Fizemos 60 anos há pouco tempo, enquanto a Universidade do Estado foi constituída em 1989/90 por meio da Constituição do Estado de Minas Gerais, a nossa já existia desde 1964. […] Nós não podemos permitir que enquanto cidadão mineiros que usufruem dessa educação que é reconhecidamente de primeira qualidade seja extinta. Se este Governador ainda não sabe a importância de Minas Gerais, certamente a unidade de Divinópolis o fará conhecer do que a UEMG é capaz, uma vez que se ele propõe extinguir a universidade Divinópolis vai dar o tom de que ele não merece ser o Governador de Minas Gerais”, reforçou o diretor do campus.

Na sequência a Diretora eleita da UEMG Campus Divinópolis, Camila Fernanda Costa Cunha apresentou diversos dados que demostram o quanto a instituição de ensino contribuiu para o desenvolvimento da cidade. “Quando fazemos um balanço apenas de 2024 até agora, a nossa unidade desenvolveu 324 projetos entre pesquisas e extensão, só de bolsas foram mais de R$3 milhões beneficiando nossos alunos e movimentando a economia da cidade. Os serviços de atendimentos de psicologia de 2022, até o momento foram de mais de mil pacientes, e isso significa que a universidade gera investimento para Divinópolis. Apesar do Governo não ter feito seu estudo de caso sobre a universidade, nós fazemos e demonstramos por meio dos números que 61% dos estudantes vieram de outras cidades para estudar na UEMG e que 83% não conseguem continuar os estudos se ocorrer a privatização. Por fim, 98% disseram que não tem condições de pagar qualquer tipo de estudo”, pontuou Camila Fernanda. 

ENCAMINHAMENTOS FINAIS

Partindo para os encaminhamentos finais, a vereadora Kell Silva, Presidente da Comissão de Participação Popular que conduziu a Audiência Pública confirmou que a Nota de Repúdio será elaborada pelos vereadores e encaminhada para a Assembleia Legislativa, solicitando que os dois projetos em tramitação sejam retirados ou arquivados. “Não vamos permitir que alguém que não conhece a história da nossa universidade venha tirar o que é nosso por direito”, finalizou a vereadora Kell Silva.