Você está aqui: Página Inicial / Sobre a Câmara / Notícias / Lembranças do Carnaval em Divinópolis

Lembranças do Carnaval em Divinópolis

por Dircom - CMD — publicado 25/01/2024 14h06, última modificação 25/01/2024 14h06

Nesse ano de 2024, a folia carnavalesca cairá no meio do mês de fevereiro, marcado para os dias 10, 11, 12 e 13, contando sábado, domingo, segunda e terça-feira. No dia 03 de fevereiro acontece em Divinópolis o Pré-Carnaval que mobilizará milhares de foliões e movimentará a economia do município. O escritor e produtor cultural Osvaldo André de Melo publicou um texto que destaca o carnaval do passado recente e que deixou muitas lembranças e faz parte da história da cidade. A Câmara Municipal de Divinópolis reproduz o texto do escritor e ex-secretário municipal de cultura como forma de destacar uma página importante da história de Divinópolis.

 

Texto: Osvaldo André:


“Após as batalhas de confete e serpentina, no largo da Matriz, desciam pela Avenida 1° de Junho os blocos. Em muitos, havia a participação de carros da época.

Os blocos eram e são a tradição carnavalesca de Divinópolis.

O Bloco Tupy ou o Bloco do Nonô era o mais democrático: acolhia a bela prostituta Dorotéia, ainda viva. Acolhia os foliões homossexuais, como o alfaiate Marinho.

Nonô veio de São João D'el Rei, polo moveleiro. Abriu aqui fábrica de móveis e quebrou, por investir o que não podia na folia. Ele saía como um Mestre Sala e Dona Oralda era a sua Porta Bandeira.

Mas, aí, já chegamos à época dos Grêmios Recreativos Escolas de Samba. Ivan Silva, quando ocupou o cargo de cerimonialista, de confiança, na gestão Antônio Martins, promoveu a passagem dos blocos a escolas de samba. Como as escolas eram artificiais, a prefeitura dava uma verba para subsidiar fantasias, abre-alas etc.

Mesmo já sob o novo status, escola, quando rompia na avenida, o povo anunciava: "Envém o bloco do Nonô."
A escola mais rica era a Estrela do Oeste.

Mas a riqueza maior estava na Escola Tupy, a destaque Helena Alvim, que confeccionava as próprias fantasias (que existem, todas elas).
Quando se aproximava a folia, Nonô vinha à minha casa com rabiscos (que ainda tenho), que eu transformava em roteiros.
Tio Nelson era o Rei Momo. Neneca Mattar, belíssima, a Rainha transgressora: casada, divorciada representava a personagem das solteiras.

No meu arquivo fotográfico implacável, mas desorganizado, tenho essas imagens todas. Inclusive, o Boi do Sabino, que assustava a meninada e que o pintor Bax reverenciou num poema.
Na primeira Semana de Arte, que botou pra fora da toca manifestações eruditas e populares, no início dos 60, a sambista Valdete Viriato contornou a Praça do Santuário com a sua escola Os Metralhas.
Valdete, compositora e sambista, está viva.

Eu saí como destaque da Escola do Nonô, no seu primeiro ano: Colombina Neneca, Arlequim Ivan Silva e Pierrô Osvaldo André.
Teve a época do sangue do diabo, do limão de cheiro, do lança perfume; e a época de jogar água nos foliões.
Do espaço público, o carnaval migrou para os clubes, o auge das marchinhas. O mais famoso baile popular era o "Vem cá, brotinho", na esquina da Rua São Paulo com Avenida 1° de Junho. Mas essa história quem conta é Hilda Pardini, foliã; ela e as irmãs burlavam o porteiro com apenas um convite.”